Matar Deus foi fácil

Em Matar Deus foi fácil, livro gestado por anos, Deborah Brum mostra que é dona de uma escritura forte e potente. É com uma mistura de sarcasmo, melancolia e espanto que a autora investiga as relações com o corpo, a família, e os desejos de morte, vida e (re)nascimento.

Nessa imersão literária e inventiva, encontramos a mamãe ouriço de garras afiadas, o beijo de língua em um boneco de plástico, a existência como um jogo de truco. São imagens que aguçam a leitura atenta, o jogo entre vida e literatura, e que parecem confirmar:  Diante da morte, o espetáculo.

Se isso é visível ao olhar primeiro, é no abismar-se sobre esse corpo-texto, em queda livre e cego de tanto ver(-se), que a estrutura híbrida se revela: o livro de contos parece o resultado de uma narrativa longa que se quebrou para juntar-se em um ossário. Na urna ossuária, ossos desmembrados de um corpo ritualizam a fundação da autoria: imagens estilhaçadas compõem o corpo sem órgãos, como diria Artaud que abre em epígrafe esse depósito de narrativas.

Deborah Brum, a autora, sabe que para ser-se é preciso muitas, por isso é movimento serpenteante entre os contos que se interpenetram trazendo questões complexas e importantes ao nosso tempo, como a dessacralização da figura abusiva da mãe, a presença fantasmagórica do pai e a violência que confere à vida, o movimento. Ao final da leitura, uma lápide imaginária: matar Deus pode até ser fácil, mostrar como é o que é difícil. Deborah Brum mostra.

 

Geruza Zelnys & Eduardo Guimarães

R$40.00

Deborah Brum

Deborah Brum

O que resta enquanto escrevo? Viver.

E, por a vida ser curta, escrevo.

Cursei várias oficinas de escrita antes de fazer a Pós-Graduação de Formação de Escritor, no Instituto Vera Cruz.

Em 2019, ingressei na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), no Programa de Literatura e Crítica Literária. Como Corpus, escolhi a obra de Maura Lopes Cançado. Mestra em 2021, penso sobre o que farei, porque o que foi só É quando resiste no tempo.

Antes: mãe de Pedro e Clara.

gênero: Contos brasileiros
formato:
13,5 × 18,5 × 1 cm
páginas:
114

peso: 0,240 kg
ISBN: 978-65-9907-536-0
ano de lançamento:
2021

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