Por onde começar um posfácio senão pelo fim?
Pelo fim do mundo, a poeta Carolina Manzato
começou seu livro.
Pelo fim da linha: do limite da vida, da política, da
linguagem, da sanidade, da subjetividade. Num
período histórico e político dos mais sombrios, ela
arregaçou as mangas da voz trabalhando-a como
expressão comprometida com a contemporaneidade.
É desde esse compromisso que desarticulações e
realinhos nos convoca à politização dos afetos, afinal
alguém guardará de não esquecer os nomes?
Carolina Manzato guardará e nós guardaremos o dela.
Por isso, também eu começo o livro pelo fim, pelos
nomes que compõem uma espécie de poema-sumário,
espinha dorsal dessa estrutura maior que seguramos
nas mãos com nossas mangas arregaçadas: poema-manchete, poema-calendário, poema-resumo, poema-grito.
Geruza Zelnys