Canto pela pele

O que se escuta de um canto? A sonoridade dos contos aqui cantados nos ensina a ler com a pele, por uma pele. O corpo que se apresenta sob a forma deste livro saboreia os sulcos de si com a voracidade de ser presa e predador no mesmo ato. Juliana incorpora nessas páginas um devir-feiticeira que sabe que arrancar as máscaras da normalidade não se reduz à nudez selvagem da loucura, do silêncio, do suicídio; mas é também oportunidade de criação, de vida.

Ler esses textos é colocar o ouvido na pele rala do papel, fazer do próprio ouvido a pele. Sentir pulsar a legião de gargantas que a autora faz pegarem no tranco ao convocar ao palco sua própria voz por meio desses contos.

Juliana convoca as Cidinhas, os Andrés, as Lauras e os Martins: catadoras, pescadores, pessoas. Todos, de certo modo, atravessados pelo ridículo: para onde são mandados os que insistem em se mostrar para além dos papéis oficiais. Todos sendo constantemente devorados pelas homogeneizações.

A voz de Juliana se dilui e se transmuta em vozes diversas. Fazendo de sua pele um co(u)ro que ecoa. A autora canta pelas vozes menores, pelas histórias apagadas. E, ao habitar essa minoridade, torna esses cantos audíveis.

O que se escuta de um canto, aqui, é o canto porvir de toda pele que se afirma.

 

Maria Eduarda Checa

R$50.00

Juliana Guida

Juliana Guida, quem escreve esta autobiografia em terceira pessoa, nasceu em 1986, é formada em filosofia, tem especialização e paixão por literatura e mestrado em psicologia clínica. Vive em São Paulo e o solo em que mais gosta de pisar é o da areia regada de mar.

gênero: Contos brasileiros
formato:
14 × 19,5 × 1 cm
páginas:
156

peso: 0,340 kg
ISBN: 978-65-9907-537-7
ano de lançamento:
2021

Compartilhe

Share on facebook
Share on whatsapp
Share on telegram