A Escrita Curativa é um acontecimento. E este livro, como corpo do método criado pela autora Geruza Zelnys, também é. Assim como meu encontro com ela.
Como escritor e alguém que caminha a vida, em algum momento me enfiei em um buraco difícil de sair. E ali estavam todos os elementos: o trauma, a sensação de perdimento, a perda da voz. Passei a falar tão baixo, com a voz tão abafada, que as pessoas não entendiam e me pediam para repetir.
Nesse tempo, um dos hábitos mais estranhos que mantive foi o de escrever. E isso não fazia qualquer sentido. Até que comecei a perceber algo que me incomodava. Os personagens fixos, que não conseguiam agir. Que, no derradeiro, paralisavam. E não suportando mais, os coloquei em movimento. Talvez para que não se parecessem comigo. Talvez para que pudesse me parecer com eles.
Quando contei isso a Geruza Zelnys, ela compreendeu perfeitamente. Falou em estilhaços traumáticos, que um texto é um corpo, que nosso corpus textual carrega nossas marcas, justamente porque é assim que escrevemos: com o corpo. Foi um assombro. Se intuía algo, Geruza Zelnys já tinha como método, curso ministrado para diferentes pessoas, pesquisa acadêmica e modo de vida.
E aqui, na Parte I dessa travessia, temos contato com isso: o espanto. O aparato teórico, o mito de origem, a consistência de conceitos e a linguagem inventiva no trato de algo tão insólito, e raro, e claro e óbvio: a Escrita Curativa. Esse imenso girassol. E
Girassóis são flores que têm fé