A escrita curativa parte 1

A Escrita Curativa é um acontecimento. E este livro, como corpo do método criado pela autora Geruza Zelnys, também é. Assim como meu encontro com ela.

 

Como escritor e alguém que caminha a vida, em algum momento me enfiei em um buraco difícil de sair. E ali estavam todos os elementos: o trauma, a sensação de perdimento, a perda da voz. Passei a falar tão baixo, com a voz tão abafada, que as pessoas não entendiam e me pediam para repetir.

 

Nesse tempo, um dos hábitos mais estranhos que mantive foi o de escrever. E isso não fazia qualquer sentido. Até que comecei a perceber algo que me incomodava. Os personagens fixos, que não conseguiam agir. Que, no derradeiro, paralisavam. E não suportando mais, os coloquei em movimento. Talvez para que não se parecessem comigo. Talvez para que pudesse me parecer com eles.

 

Quando contei isso a Geruza Zelnys, ela compreendeu perfeitamente. Falou em estilhaços traumáticos, que um texto é um corpo, que nosso corpus textual carrega nossas marcas, justamente porque é assim que escrevemos: com o corpo. Foi um assombro. Se intuía algo, Geruza Zelnys já tinha como método, curso ministrado para diferentes pessoas, pesquisa acadêmica e modo de vida.

 

E aqui, na Parte I dessa travessia, temos contato com isso: o espanto. O aparato teórico, o mito de origem, a consistência de conceitos e a linguagem inventiva no trato de algo tão insólito, e raro, e claro e óbvio: a Escrita Curativa. Esse imenso girassol. E

 

Girassóis são flores que têm fé

R$55.00

Geruza Zelnys

Geruza Zelnys é escafandrista com doutorado em literatura líquida. Mestre em Crítica Literária (PUC-SP) e doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada (USP), tem pesquisa de pós-doutorado em processos criativos e terapêuticos nas oficinas de criação literária (UNIFESP). Trabalha como professora universitária no Instituto Vera Cruz e ministra oficinas de escrita criativa na Casa das Rosas, Casa Mário de Andrade e diferentes unidades do SESC. Em 2014, criou o curso de Escrita Curativa. Desde lá, publicou três livros de poesia: “esse livro não é pra você” (Patuá, 2015), “se do meu púbis nascessem asas & outros poemas” (Oito e Meio, 2017) e “Folheio teus cabelos, no contratempo do vento” (Urutau, 2017); um livro de contos: “9 janelas paralelas & outros incômodos” (Dobradura, 2016); um romance com o prêmio PROAC 2015: “tatuagem: mínimo romance” (Patuá, 2016) e um livro infantil: “Pássaro azul” (Quase Oito, 2018). Também organizou o volume de ensaios: paisagens mínimas: experiências com a escrita criativa (Dobradura, 2017). “Quintais” recebeu o prêmio para publicação de livros da Prefeitura do Município de São Paulo.

gênero: ficção
formato:
15 × 21 × 1 cm
páginas:
126

peso: 0,240 kg
ISBN: 978-65-990753-9-1
ano de lançamento:
2021

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